Histórias da Medicina Portuguesa

No termo de uma vida de trabalho, todos temos histórias a contar. Vamos também aprendendo a ler a História de um modo pessoal. Este blogue pretende viver um pouco da minha experiência e muito dos nomes grandes que todos conhecemos. Nos pequenos textos que apresento, a investigação é superficial e as generalizações poderão ser todas discutidas. A ambição é limitada. Pretendo apenas entreter colegas despreocupados e (quem sabe?) despertar o interesse pela pesquisa mais aprofundada das questões que afloro.
Espero não estar a dar início a um projecto unipessoal. As portas de Histórias da Medicina estão abertas a todos os colegas que queiram colaborar com críticas, comentários ou artigos, venham eles da vivência de cada um ou das reflexões sobre as leituras que fizeram.

segunda-feira, 22 de junho de 2015


    PECULIARIDADES CHINESAS:

  MERIDIANOS, ACUPUNTURA E MOXABUSTÃO


Os meridianos são vias imaginárias de transporte. Dão passagem à energia e, por vezes, ao sangue. Percorrem o corpo, a profundidades variáveis.
É na rede de meridianos que se fundamenta a prática da acupuntura e, também, da moxabustão e de certas massagens. Comporta 365 pontos principais (o seu número é igual ao dos dias do ano). Atuando neles, mediante a introdução de agulhas, torna-se possível compensar a falta ou o excesso de Qi nos diversos órgãos, restabelecendo o equilíbrio necessário.


Existem dois meridianos principais: o do «caso dominante», que corre junto ao dorso e transporta a energia Yang, e o do «vaso da conceção», que cursa na parte de frente do corpo, também paralelo à coluna vertebral. Seguem-se seis meridianos Yin e outros seis Yang, relacionados com os órgãos e vísceras.
Outros meridianos de importância secundária asseguram a comunicação entre os principais, constituindo um sistema de vasos comunicantes que evita desequilíbrios da carga de energia em pontos diferentes do corpo.  
A acupuntura é uma prática chinesa milenar que, no decurso das últimas décadas, conheceu uma divulgação extraordinária no mundo ocidental. De forma que não deixa de ser curiosa, a Organização Mundial da Saúde considerou-a adequada para o tratamento de mais de quarenta afeções que vão das vertigens à gripe e às cataratas.



Os 365 pontos de acupuntura são locais onde os meridianos se superficializam.  
Diz-se que a picada é praticamente indolor. A forma das agulhas, a profundidade a que se devem introduzir e os tempos de terapêutica variam muito. Em determinadas circunstâncias, é conveniente fazê-las vibrar. Modernamente, a utilização de agulhas é associada à estimulação elétrica, ultrassónica e eletromagnética e à utilização de LASER.
Os mestres chineses esperam que a introdução das agulhas liberte o organismo da energia “saturada e estagnada”, permitindo a entrada de energia fresca.
Nem todas as ocasiões são favoráveis à terapia. As agulhas devem ser aplicadas em dias quentes e nunca em fase de Lua Nova, pois então a natureza atravessa um período de instabilidade, podendo entrechocar-se o Yin e o Yang.
Modernamente, encontrou-se uma base fisiológica para a ação benéfica da acupuntura na dor e noutras situações. A introdução das agulhas estimulará a produção de endorfinas que atuam em áreas cerebrais responsáveis pela modulação da dor, do humor e da ansiedade. A naloxona, um bloqueador dos recetores de endorfinas, bloqueia a analgesia induzida pela acupuntura.
A ingestão de chocolate e pimenta estimula também a produção de endorfinas.
A prática da moxabustão está tradicionalmente associada à acupuntura. É, aliás, uma espécie de acupuntura térmica. Consiste na aplicação localizada de calor em zonas escolhidas da pele. Eram utilizados procedimentos que produziam verdadeiras queimaduras, com dor e formação de cicatrizes.
Moxa é uma espécie de algodão da erva Artemísia. Queimado, produz um calor moderado e uniforme. Utiliza-se em bastões e cones. O bastão acesso é semelhante a um charuto e deve ser aproximado do ponto escolhido.


A Moxa tem sido misturada com alho, gengibre e sal. É também utilizada em tratamentos com ventosas de vidro, prática comum à medicina tradicional europeia, que os mais velhos de nós ainda recordam.


Gravura: retirada de Medicina Chinesa - em busca do equilíbrio perdido.
Fotografias: Internet



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