Histórias da Medicina Portuguesa

No termo de uma vida de trabalho, todos temos histórias a contar. Vamos também aprendendo a ler a História de um modo pessoal. Este blogue pretende viver um pouco da minha experiência e muito dos nomes grandes que todos conhecemos. Nos pequenos textos que apresento, a investigação é superficial e as generalizações poderão ser todas discutidas. A ambição é limitada. Pretendo apenas entreter colegas despreocupados e (quem sabe?) despertar o interesse pela pesquisa mais aprofundada das questões que afloro.
Espero não estar a dar início a um projecto unipessoal. As portas de Histórias da Medicina estão abertas a todos os colegas que queiram colaborar com críticas, comentários ou artigos, venham eles da vivência de cada um ou das reflexões sobre as leituras que fizeram.

quinta-feira, 18 de junho de 2015



MEDICINA CHINESA
II
OS CINCO ELEMENTOS

   A história da medicina chinesa confunde-se com a lenda. Os "três imperadores sábios" (Fu Hsi, Shen Nong e Huang Ti) terão vivido 2.600 anos antes de Cristo. Hipócrates nasceria dois milénios mais tarde. Hua Tuo (ou Wá Tó), o "divino cirurgião", alegadamente o primeiro médico da China a recorrer à anestesia, combinando aguardente de arroz com cannabis, foi uma personagem real, tendo vivido no segundo século da era cristã. 
Para os filósofos chineses, existem, na natureza, cinco elementos básicos: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água.
Eram menos, na vertente ocidental do mundo. Empédocles, de Agrigento, contemporâneo de Zenão, terá sido o primeiro a propor a teoria dos quatro elementos. Tudo o que existia resultava da mistura de quatro componentes essenciais: a água, a terra, o ar e o fogo. Segundo Platão, esses elementos coexistiram de forma desordenada até à intervenção divina. Foi Deus quem os combinou de forma harmoniosa, dando origem a seres aperfeiçoados.
Não se sabe se ocorreram, no passado, trocas de ideias e influências mútuas entre as várias filosofias. O fogo, a terra e a água eram comuns a ambas.
Entre os chineses, a madeira estaria na origem do fogo que, por sua vez, criaria a terra, ao transformar a matéria em cinza. A terra abrigaria o metal, o qual, fundido, passaria à forma líquida. A água voltaria a produzir madeira. O processo de destruição ajuda a compreender o essencial da teoria: as plantas recolhem a energia da terra; a terra elimina a água; a água apaga o fogo, que derrete o metal. Um machado de metal destrói a madeira. 
O ar dos filósofos gregos não entra nestas contas. Aliás, o vento é contado entre as «seis influências perniciosas» para a saúde.
Na medicina chinesa não se encontram equivalentes aos humores da teoria hipocrática. Não deixa, contudo, de ser curioso comparar os dois esquemas seguintes.

RELAÇÃO ENTRE OS ÓRGÃOS, OS ELEMENTOS, OS PONTOS CARDEAIS E AS ESTAÇÕES DO ANO (Retirado do livro sobre Medicina chinesa, de C. Jorge e B. Coelho)

QUALIDADES DOS ELEMENTOS, HUMORES. CORRESPONDÊNCIAS

           (Retirado do livro A arte de sangrar, de J. Barradas)

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