Histórias da Medicina Portuguesa

No termo de uma vida de trabalho, todos temos histórias a contar. Vamos também aprendendo a ler a História de um modo pessoal. Este blogue pretende viver um pouco da minha experiência e muito dos nomes grandes que todos conhecemos. Nos pequenos textos que apresento, a investigação é superficial e as generalizações poderão ser todas discutidas. A ambição é limitada. Pretendo apenas entreter colegas despreocupados e (quem sabe?) despertar o interesse pela pesquisa mais aprofundada das questões que afloro.
Espero não estar a dar início a um projecto unipessoal. As portas de Histórias da Medicina estão abertas a todos os colegas que queiram colaborar com críticas, comentários ou artigos, venham eles da vivência de cada um ou das reflexões sobre as leituras que fizeram.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

       

      OS DESGASTES DO TEMPO


Não lembro o nome do colega que me relatou esta conversa. Tenho, contudo, bem presente no registo da lembrança, a sua figura. Contaria um pouco mais que os meus quarenta anos. Era alto, magro, reservado e tinha sido engenheiro antes de se fazer médico. Julgo que era proprietário de uma ou duas empresas de certa dimensão e que mudara de trajeto pessoal por gosto. Conheci-o no Serviço 10 do Hospital de S. José, onde ele trabalhou como anestesista, durante algum tempo.


Contou-me, um dia, uma história que ainda me agrada repetir. Falava dum amigo que tinha emigrado para África (não sei se para Angola, se para Moçambique) uma dezena de anos atrás. Voltara a encontrá-lo, por acaso, na baixa lisboeta. Trocaram um abraço e conversaram.
- Os anos não passaram por ti – disse o nosso Colega. Estás na mesma!
Respondeu-lhe o outro, com voz grossa:
- Dizes isso porque não dormes comigo…


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